Eu admito…

eu admito

  • Eu admito. A cada ciclo, apesar de saber que nos é praticamente impossível ter uma gravidez espontânea, continuo a achar que posso estar grávida.
  • Eu admito. Desde que comecei a tentar engravidar espero até ao dia da mestruação para comprar tampões, e na altura da compra digo para mim mesma que aquela será a última caixa durante pelo menos os próximos 9 meses.
  • Eu admito. De momento tenho mais testes de ovulação e de gravidez do que tampões.
  • Eu admito. Às vezes quando vejo comerciais, capas de revistas, as mulheres grávidas, acredito que é tudo para me fazer sentir inferior e péssima. É o mesmo que me darem uma chapada na cara.
  • Eu admito. Às vezes eu e o marido sentimo-nos sozinhos nesta luta, embora existam tantos outros milhares de casais no mundo inteiro que lutam contra o mesmo problema.
  • Eu admito. Nas minhas recentes viagens para a Índia e Bangladesh tenho pensado em adoptar (ou roubar?!) um bebé. (Mas concerteza seria apanhada …. Ou será que não?) 😉
  • Eu admito. Por vezes acredito que possa ter poderes mágicos para engravidar alguém apenas por falar com elas(es). Toda vez que eu começo a relacionar-me com alguém, elas acabam grávidas no dia seguinte apenas por acaso! “Aconteceu” é o que oiço. Só esta semana soube de 4 casos no meu ambiente de trabalho (duas colegas grávidas de 10 e 12 semanas e outros dois colegas que informaram que vao ser pais e que as respectivas companheiras estão grávidas de 8 e 16 semanas). Até mesmo quando vejo um filme morro de inveja quando alguém aparece grávida sem ter sido planeado.
  • Eu admito. Odeio quando menciono a alguém que andamos em consultas de infertilidade e logo logo elas dizem que estão gávidas. É de mim ou sou eu que estou sensível ou esta é que é uma atitutde insensível?
  • Eu admito. As vezes sinto que casais que têm mais de 2 filhos, são apenas gananciosos e de certa forma andam a roubar um filho que devia ser meu. Quando uma colega engravidou do 3 filho senti-me tão mal que achei que para mim nada fazia sentido. Aquele bebé devia estar dentro de mim.
  • Eu admito. Eu acho que as pessoas no meu circlo de amigos e conhecidos engravidam só para me “picarem” e dizerem na minha cara “ah, vês!”.
  • Eu admito. Com tantas pessoas que conheço a engravidarem/serem pais desde que eu comecei a tentar, acredito que seja contagioso e eu e o maridão é que somos imunes.
  • Eu admito. Por vezes estaciono em lugares de estacionamento “Reservado a Grávidas”.
  • Eu admito. Quando vejo ou oiço uma mulher grávida a queixar-se dos sintomas, nem imaginam o quanto eu quero  esbofeteá-la.
  • Eu admito. Eu tenho os nomes dos meus filhos escolhidos desde comecei a tentar engravidar. E cada vez mais os repito em voz alta juntamente com o sobrenome para ver se soa bem. Ou então vou experimentando outros nomes a ver se fazem aquele clique.
  • Eu admito. Eu tenho um esconderijo secreto com algumas pecinhas de roupa do bebé. Nem o maridão sabe. É o meu amoleto da sorte.
  • Eu admito. Tenho o berçário do bebé todo planeado. Muito frequentemente sonho (mesmo acordada) acerca de como será tudo quando/se tivermos o nosso bebé.
  • Eu admito. Estou farta de ser a colega “suportiva” que gasta dinheiro em brinquedos e roupinhas para os bebés das minhas colegas.
  • Eu admito. Estou tão cansada dos familiares que nos incomodam com questões acerca de filhos “Vocês teriam filhos tão lindos!, porque é que ainda não estás grávida?”.
  • Eu admito. Por vezes, ou sempre, trato os meus cães como se fossem os meus filhotes, os meus meninos e pego neles como se estivesse a pegar num bebé e mimo-os, e eles adoram.
  • Eu admito. Nao tenho vontade nenhuma de comprar roupas novas ou roupa interior nova pois penso sempre que rapidamente vou engravidar e não as poderei usar e será um desperdício de dinheiro.
  • Eu admito. Sinto uma inveja quando as meninas do meu grupo do fórum De Mãe para Mãe que também lutam contra a infertilidade engravidam. Não me interpretem mal, pois elas merecem, e passam/passaram pelo mesmo que eu, mas é inevitável e sinto pena de mim própria, tristeza e pergunto-me “quando será a minha vez?”.

 

  • Eu admito. Eu desprezo quando alguém usa o comentário “Yeah, tu não percebes porque não tens filhos”.
  • Eu admito. Odeio quando me dizem que “ter filhos é ter cadilhos” e que “tens sorte por não teres nenhum”. A sério? Dizem-me isto a mim? wtf?

3 pensamentos sobre “Eu admito…

  1. Não sei se devo comentar este acto de profunda honestidade da minha amiga, mas sei que posso certamente apoiá-la incondicionalmente. Infelizmente, a distância não me permite estar junto da Sandra para a proteger destes comentários (que no fundo sei que as pessoas não o fazem por mal) ou para lhe dar a coragem que precisa para enfrentar mais um dia de luta.
    A Sandra habitou-me a conhecê-la como uma lutadora, nunca como vencida! Não quero ou posso permitir que ela mude essa imagem que tenho dela, e por muito que ela esteja farta ouvir, eu tenho de a relembrar… o tratamento é uma etapa, que tal como as outras, não depende dela ou do marido para a vencerem. Se não funcionar, vamos juntas procurar alternativas, porque nunca a Sandrinha que eu conheço desistiu! E acredito que sintas inveja dos outros, mas sinceramente, tentar contornar isso sentindo felicidade e pensando, eu também lá chegarei quando a minha hora chegar, e também vou querer que se sintam felizes por mim e vou querer partilhar com todos!
    Quanto à família, é o percurso natural, e a melhor maneira de não se sentirem objecto de todos os ataques é serem sinceros e partilharem a vossa história, acredito que com isso param as perguntas e virá o apoio que tanta falta vos faz. Acho, acredito verdadeiramente, que esta não deve ser uma luta para travarem sozinhos, pois os vossos amigos (os verdadeiros) e a vossa família vão de certo apoiar-vos.

    • Amiga, desistir nunca, como sabes! Isto é apenas um desabafo. A inveja que sinto ao ver que alguém com quem me cruzo todos os dias engravidou é uma inveja ‘boa’. Sinto-me feliz por eles(as) claro, isso é indiscutível, mas é quele pensamento de que deveria ser eu. E todo este sentimento é um acumular de situações, que faz sentir um apertozinho no coração. Sei que o nosso dia vai chegar, e também sei que as pessoas que realmente importam, os nossos pais e os verdadeiros amigos (ou seja tu!) estarão sempre presentes para nos apoiarem. Tudo o resto é subjectivo.

  2. O que me ri com o teu post, assino em baixo na maioria deles pk me identifico imenso com a maioria deles.
    A esperança é a ultima a morre, mas ás vezes parece k para nós já morreu.
    Eu já tenho um filhote, mas a revolta é enorme, pk é k consigo ter um e n consigo ter outro, ando á 7 anos nisto.
    Bj grd

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